domingo, 12 de fevereiro de 2012

A Voz da Consciência

 - Pra quê aceitar calada todas essas barbaridades que fizeram contigo, minha menina? E pra que perceber tudo isso só agora? É tarde demais...o mau já se foi, não antes de deixar seu coração em pedaços. Mas já se foi. Tente concertar tudo isso agora, garota. Pegue pedaço por pedaço. Conserte. Blinde o seu coração da próxima vez. Não é mais possível deixá-lo tão vulnerável, tão penetrável. Não dá pra confiar mais em ninguém...
E a menina começou a chorar. A menina não podia suportar essa realidade. Como assim, não confiar a ninguém seu coração? Como assim blindar-se? A crueldade ela não conseguia entender. Vivia na realidade errada, afinal. Sempre no lugar e hora errados.
 - Não chore, minha menina. A única verdade que eu te digo é esta mesmo. Não confie.
Sua consciência sempre repetia essas mesmas palavras. Mas a menina sempre ouvia mais o coração. E agora que este está em pedaços, o que mais a menina poderia fazer? Olhou para o horizonte: céu cinzento, névoa cobrindo os prédios. Entendeu o recado.
 - Será muito difícil - a menina disse - mas eu vou tentar.
E a partir dali não ouviu mais nenhuma palavra amorosa nem de sua família, nem de seus amigos, nem de mais ninguém. Afinal não se pode confiar em ninguém nessa vida.

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